sábado, 23 de agosto de 2008

Faz Deixar Viver

Quero o beijo mais intenso
Que, sem respirar, eu suspeite ser
O ser mais feliz do mundo
Quero mentiras jogadas ao léu
Sorrisos espalhados no ar
Olhares por todo o quintal
Quero estar embaixo da nuvem mais carregada
Dentro do carnaval com tantos pierrôs e colombinas
Sobre seu colo, numa tarde de domingo
Vendo filminhos bobos na tevê
Quero todas as coisas mais bonitas pra você
E todos os seus suspiros pra mim
Ser como a bailarina que desliza livre
Ser como o fogo que arde sem ser palpável
Quero compor a poesia mais bonita
Ao menos que o seja pra você
Por que de resto
A felicidade nossa toma conta
E faz deixar viver

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Já Se Foi Alegria

Quando você me pediu para ser
E se foi tão fria
Não disse nem porquê
Nem o que queria
Só disse para eu seguir
O caminho que eu escolher
Não sei se aqui
Insisto em dizer
Que não foi nada demais
Não foi nada assim
Que não seja capaz
De colocar um fim
Um ponto final
Ou reticência
Mas do seu carnaval
Não vi inocência
Só senti dor
E disritimia
Agora, meu amor
Já se foi alegria
Já se foi alegria
Já se foi alegria
Instinitivamente
Bani do meu pluriilusório sentimentalismo
Os verbos intransitivos
Completamente intransigentes
Intransponíveis e outros is mais belos
Inexoravelmente
Sentimento
Engolfa-se de tanto ser
Engasga-se de tanto ter
E se caso
A partícula menor
Que seja aquela que pensas
Ou a que ousaste pensar
Encontra-se deteriorada
Dedetizada e aniquilada
(Como a filoptosia das bromélias)
Acabarei sabendo o que sinto
E só

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Eu passo a mão por meus cabelos
E quisera eu que qualquer fio
Fosse mais um feito do orvalho
Fosse mais um feito da saliva
Fosse mais um feito de pólvora

Eu ando apressadamente
E você não se comove com minhas oxítonas
Você não se comove com minhas besteiras
Você não se comove com nada

Sinto o vento passar como passa uma navalha
Ao abrir e expor a dor

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

a ruir o resto da dor
que arranha e rasga o corpo

sentimento que se esguia e espera

a ruim dor que resta
que abre entranha e arde rouca

espera o segundo surgir
adensou-se ao sentimento
o peso bruto
consumado ao luto
do irremediado pensamento

por mais febril que suspeite ser
a efemeridade do movimento
preferiu-se chamar desalento
ao contrário do que se dizer

adensou-se ao coração
a marca única do maldizer
prefere-se deixar a pensar o ser
do que prever de antemão

por mais ébrio que aparente se mover
é ligado ao ser que se apresente
feita da dor eterna e onipresente
como a megalópole pós-moderna a crescer