quarta-feira, 25 de novembro de 2009

ao calor que arde

hoje eu só preciso chorar
como a música que arde meus olhos vermelhos
hoje eu só sei mergulhar
meu copo no corpo sujo do espelho
como cada dente amarelo que espero lhe mostrar, lhe sangrar, lhe cortar
e esperar a revoada de pombos famintos
desfilando na praia sua raiva
ao me calar em pleno sol de domingo
destilando na raia sua praga
calço meus sapatos e insisto em encobrir seu corpo
e descobrir minha roupa
em surdina, ao calor de meio dia e pouco
agora beijo sua boca
acordo do maldito sonho medonho

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Narciso, conscientemente, cisalhou seus punhos serenos,
Esperando sabiamente seus poros explodirem,
Quais estrelas que sobem e descem,
Quais segredos que se escondem e crescem.
Esperei o soco narcisista.
O soro na vista.
O sal sanguíneo conciso descer e cicatrizar.
Incapaz de cisalhar o siso, cerrei os olhos e sussurrei:
Isso saiu e esperei.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Trama ao Lusco-fusco

Lusco-fusco me assusta de luz
Sem foco, diluído, azuis
Cometas quentes
Quais sóis em dias nus
Em corpo de chamas
Fazendo jus ao que amas: Cidade-luz

Tu és uns quase outros
Outros quais um
Que anos-luz, pôs a dois
A cama de iluminada trama
À luz de sombras insanas

Suspeitas silhuetas
Quais teus seios de proveta
Ao som do sossego
Ao silêncio feito a dedo
Tu és o que sabes: Como luz

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Seria mais fácil
Eu, rapaz de muito ferro e cálcio,
Com o sange pulsando no Lácio,
A curto tempo e espaço
- qual as quentes chuvas de março -
Esperar a moça pegar meu braço,
Me perguntar sobre meu traço,
O porquê da escrita de aço,
O porquê de todo esse embaraço,
Daí eu finjo a cara que faço
E acabo por dar-lhe um amasso
E ponho fim nesse encalço

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

vida e morte como boiada

quatro.
pelos quatro cantos que ando
espelho parlas,
espalho pelos, meandros
escuto espadas cortando palhas
e as empilhando em meu fim
de três em três
três.
como refém ridículo tresloucado
tal qual um roedor-de-dedo-cortado
recolho minha rês,
reorganizada de três em três
ao prever o que virá depois
dois.
vistas doídas e dormentes
sei que serão endiabrados dias de enchente
pois ponho meus dois olhos
durante o devir dos bois mussum
um.
um nascimento num sótão, no sertão
nalgum lugar qual ninhada de falcão
tão longe, em canto nenhum
tão só em solidão

sábado, 7 de novembro de 2009

a arrogância e prepotência caminham ao morder da língua, no trilho do trem, nos pés a caminho do abraço. a ira é cuspida, mas na real aquilo ali não é nada. se julga um ser por um ato, por um fato. somos todos arrogantes e prepotentes. não desista.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

traduzem-se no que se dilui
se consome e some
se mostram sãos sobre os insanos
tão humanos o são
sentimentais da cabeça ao chão
sem saberem que o não
é tão bom quanto o sim
simplesmente homens
quando deveriam ser trens
no ir e vir da multidão
a correr
correr sem fim