segunda-feira, 27 de abril de 2009

uma estrela que se move
em turva vista
que, do mais íntimo sentimento,
acaba por deixar e sentir

sentir e amalgamar nossos corações

quarta-feira, 22 de abril de 2009

minha mão
ah, minha mão
sabe quais dedos se encaixam nela

eu só preciso encontrar

Divagação Unilateral Sobre a Coexistência Entre Existência e Vida

quem nunca viveu sabe viver outra vida
que não se chama vida,
tampouco morte ou o que seja
quem nunca sentiu existir
não sabe o que é a existência
mas por coexistência a outra vida
que não se chama vida
pode existir ou algo que o valha
por outra existência
que por insistência,
sei dizer que não viver o existir
ou não é o existir o viver
ou o que seja equivalente
nesta ou noutra vida
nesta ou noutra existência
vivendo ou existindo

Voo

vou
multiplicar-te os olhos mil
escapulir-te da mão viril
esperar por toda a vida a fio
sem mesmo a certeza do fim

vou
especular-te o furor carmim
meticular-te à medida assim
caminhar pelas suas pernas cruas
galgar numa ou duas danças nuas
evidenciar cada cicatriz da lua
que insiste em esvairir-se de ti

Sim ou Não

não, eu não acredito tantas dez mil vezes assim
como que se por vezes afim
eu quisesse por à prova o ardor do coração
outrora dor com beijos e mãos

não, eu não credito tantas dez mil vezes assim
outra vez eu disse que sim
mesmo que eu não quisesse a prova do ardor do coração
embora flor e poesia à mão

ai deus, por tanta vez que sim
por tanta vez que não
será porque tanta vez eu pensei
que não teria seu sim
ou que tanta vez eu pensei
que sim, teria seu não

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Até

por outra fresta, rasga o corte
e deixa a sorte fazer a festa
chama outra nova vida de nova
para outra velha ferida ser posta à prova
põe o tempo como questão
a falta de tempo como indecisão
para tanta pouca vida ser indigesta
se estingue a pressa, a dor
e me diz até breve, amor

domingo, 19 de abril de 2009

destruirem-se vidas
para se venderem segundos de ódio
palavras ao ventos sopradas por malícia
o mal cospe sua ira quando tocada

sábado, 18 de abril de 2009

abraça a solidão: dá-me um beijo!
para qualquer lugar que eu vá,
ensaio uma caligrafia mais confiável
para uma dama me convidar para dançar.

assusta-me e me desalenta, mas me orienta,
faz um pensamento alto, ensejo,
para mim que tanto vejo, do nascer ao pôr do sol,
a vontade de levantar e ser.
por minhas mãos amigas, espero.
não me queixo de ter ou não verdades para assimilar,
não me preocupo de ser ou não uma verdade similar.
não é que eu não saiba ser uma verdade;
é que cada gotinha de saudade se transforma em vontade de ser o
que talvez era para eu ter sido logo.
mas por prepotência, medo ou descaso, deixei de ser.
há muita coisa engasgada aqui:
as mãos pedindo outras;
prosas pré-prontas para o vento;
um puta calafrio;
e uma vontade ser único para alguém
construo prosa e verso
com irremediada vontade de gritar
a todo o universo
o que sinto e quero sentir
me prendo a rimas ou não
a segredos também
e só sei dizer isso
através dos dedos