segunda-feira, 27 de julho de 2009

Ideias vindo, indo, explodindo
Estão que não se cabem,
Não se moldam, não se tocam,
São palpáveis,
Tocáveis.
Tocam minha alma,
De tanta explosão.

sábado, 25 de julho de 2009

Na Lápide

Não sei fazer porra nenhuma de rima.
Seja escrevendo por cima,
Seja escrevendo por baixo.
Mas na lápide do macho,
Diga que quis escrito a obra-prima:
"Com muito gosto, despacho
Este cabaço, do cruzamento da Cafetina
E do mardito, Diacho"

Sentimento

não sei dizer
o que em mim
se torna meu
intrínseco a mim
fonte do meu ser
e da minha explosão de seres
outros eus
minha característica
por tanto sentimento

Considerações de Uma Gestante

Um ser
Em mim
Outro

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Culto: aquele que cultua sua cultura

Enga-nação

quero mais um rostinho bonito
pra eu me deliciar
com os erros de concordância
e solfejar acordes dissonantes
intrigantes,
instigantes,
impossíveis

quero mais uma preparada
pra eu me acabar
com a vulgaridade fudida
estampada,
estuprada,
extraída de sei lá onde

gosto de gostar disso
de fazer parte disso
ser cúmplice
da nova enganação
que regurgita e cospe
as lindas melodias neotribais

terça-feira, 21 de julho de 2009

Mau

vou te mostrar o quão intenso sou,
minha estupidez,
minha raiva.
vou saber dizer aonde vou
o que sou e mesmo doendo,
queimando aqui dentro do peito,
com vontade alguma ou
sem vontade nenhuma,
nem desejo,
nem ensejo,
vai sentir o que te faz me querer
em outro eu aqui não presente.

vou esperar sentado,
antes que tudo que ponho pra fora
vire flor e eu acabe sendo chamado de bonitinho
e não mau.

domingo, 19 de julho de 2009

Único

me espera, a sorte, a vontade ébria, forte
me espera, me esquece,
atrás da dor, o açoite.
me espera, me mostra outra nova cara de novo
pra eu conseguir outra nova cara
esquece a rima, a flor, a dor,
não me importa o que você ache ou não agora

me cospe, me deixa, me chama de seu
de dela, de daquela outra, de outro,
me chama de outro novo amor
me cospe,
me fode,
me deixa viver, respirar,
me engana, quero ser enganado,
só não me chama... não me chama de viado,
de puto, de outro novo mundo, de mudo,
de alheio a tudo,
me chama de tudo,
menos de seu.

me esquece, me solta, me ouve,
não sei porque volta
porque tenta escutar meu último movi-
mento.

me mexe, me sacode, me grita, porra!
me xinga... só quero que você sinta... que eu quero ser único

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Canção de ninar

Corro impulsivamente, atravessando os carros, num corre-corre frenético;
Quase não caibo em mim de tamanha velocidade,
Espero a moça no sinal e espero outro sinal, atrás de outro, verde, amarelo, vermelho (...)
Eu quero ser um sinal a ser esperado
Quero desdenhar sinais,
Correr por sobre o muro e gritar "Viva o trânsito"
Quero mijar nas costas do guarda que não tem culpa de nada
A não ser do apito irritante
É o caos
A contemporaneidade
Foda-se.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Eu

Sentimento de ser e estar,
querer causar,
acontecer, querer um pouco mais
um pouco de se sentir especial
um pouco de ser especial
e se não me sentir ou ser tal,
sentir a intensidade de cada olhar,
cada pequeno solfejar de uma nota,
cada gotinha que consigo sentir,
amalgamar a meus dedos,
e me juntar a outros pequenos eus, causados e implodidos,
diaramente, instanteneamente;
talvez uma convulsão de tantos eus que não caiba num só uma crua definição;
sem propriedade pra me segurar numa só, prefiro me apoiar em todas ou em nenhuma,
porque o todo é perto do nada,
ambos partem do mesmo infinito,
e estão um infinitésimo próximos, mesmo que inconcebivelmente,
ou paradoxalmente se embatam;
tantos eus acabo por me somar a todos (ou mesmo diminuir-me),
negligenciando toda complexidade de um ser;
sintetizando todo-o num só.
Porque tudo necessita de uma justificativa, definição, forma, concretização;
a concepção da ideia faz parte do sexo cerebral e não precisa ter o físico para existir, precisa?

Uma

Um dia
Se for um
Para cada vida
Que se foi uma

Por cada um
De nós
Que se é único

Uma, um, uns
Todos vãos
Esperando
Uns e outros

Um pouco
Menos de todos
Nós

Pouco mais um
Em nós cada
Um de todos
Por outros nós

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A Palavra

Rio que se põe pelo pôr-do-sol
E se dispõe fluente às margens da língua
Sinto desobedecer sua lógica
Pois não me disponho tão seu
Quanto me faz ser meu

Tropeço em sentimentos desastrosos
Levados pelo rio que me trouxe
Sem a menor pretensão

Queria morrer como ele
Que me fez ser mais afluente da vida
E correnteza de todo coração

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Deixa pra lá

Vem
Eu vou te ensinar o que fazer
Uma ou duas vezes sem pensar
No que daria ou não certo
Vem
Pra mim ou pra outro alguém decerto eu
Esperto, inteligente, feito o outro, que não eu
Vem
Pra mim todo o seu rebolado
Sem transfigurar ou esquecer toda melancolia
Não me importa hoje o que se passa na tevê
Só sua cara de má, meu Zappa e sua alegria
Hoje quero um amor leve
Sem a densidade da verdade ou mentira
Vem e esquece
Outros seus
Que eu esqueço as minhas
E invento de ser seu

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Acho que hoje
Eu tenho algumas coisas pra dizer
Meu coração não cabe mais em mim
De tanta vontade pulsando
De tanta verdade ardendo
De tanta saudade queimando
De tanta maldade surgindo
De tanta adiposidade doendo
De tanta banalidade expondo
De tanta austeridade roendo
De tanta brutalidade ferindo
De tanta desigualdade assombrando
De tanta crueldade ranindo
De tanta enfermidade corroendo
De tanta fragilidade aparecendo
De tanta mediocridade matando
Meu coração não cabe mais em mim

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Valdrada

do teto ao chão
forma uma vontade de ser
refletida
em toda vontade de ser
valdrada

doce flor da língua
que arde
cabe-se de rima
pouca
tanto sentimento porque se vai

dos corpos se amando sem se ver
sem se ter e ser
unicamente só
cidade somente nossa

toda vontade de se amar e estar
unicamente só